O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, revelou ter conversado por telefone com o secretário de Comércio dos Estados Unidos (EUA), Howard Lutnick, sobre a imposição de tarifas de importação contra produtos brasileiros. A conversa ocorreu no último sábado (19), sendo o primeiro contato de alto nível entre os dois governos desde o anúncio das taxações pelo presidente dos EUA, Donald Trump, há duas semanas.

"Nós tivemos uma conversa com o secretário de comércio, Howard Lutnick, uma conversa até longa, que entendo importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação", relatou Alckmin.

O presidente Lula orientou a negociação a não ter contaminação política ou ideológica, focando na busca de solução para a questão comercial. O objetivo é evitar um cenário de perde-perde, com inflação nos EUA e diminuição das exportações brasileiras, buscando aumentar a complementaridade econômica, a integração produtiva e os investimentos recíprocos.

Questionado sobre a reação do secretário americano, Alckmin classificou o diálogo como positivo. "A conversa foi boa, tanto foi boa que foi quase 50 minutos e foi proveitosa. Agora, vamos aguardar, são conversas institucionais, devem ser reservadas, mas tivemos sim um contato e essa é a disposição do governo brasileiro", reforçou.

O vice-presidente coordena o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado para enfrentar a tarifa imposta pelos EUA, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Alckmin tem se reunido com setores afetados, como a indústria e o agronegócio.

Ele se reuniu com representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), da empresa Taurus Armas e da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (ANIAM), um setor exportador para os EUA. Também se reuniu com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

Na Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro afirmou que sanções comerciais não podem ser usadas para afetar a soberania dos países. Trump justificou as tarifas citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, pedindo sua anistia.

O presidente Lula afirmou que o Brasil adotará medidas de reciprocidade contra as tarifas unilaterais dos EUA, caso elas se confirmem e se mantenham. A expectativa é que qualquer anúncio ocorra após a entrada em vigor das tarifas.